quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Também tive um bebê anencéfalo.

Oi eu sou a Lilian, 27 anos, sou casada e mãe da Giovanna. Em 2003 queria ser mãe e engravidei logo, estava muito feliz, comprei roupinhas, ganhei tudo (roupas, berço, tudo que ia precisar). Com 2 meses montei o berço,enfeitei,lavei e passei todas as roupinhas,arrumei a bolsa do bebê,resumindo a maternidade trouxe alegria após uma crise de depressão ao perder minha mãe que tanto amava com câncer. Coloquei naquele anjo a responsabilidade de ter vontade de viver. Mas meu sonho desabou aos 3 meses de gestação qdo descobri que minha filha não tinha cérebro e não ia sobreviver. Logo meu marido conseguiu na justiça a autorização pra abortar legalmente. Mas não consegui tirar a vida de um ser que nem sequer sabia se defender. Dei a ela o nome de Vitória e levei a gravidez até as ultimas conseqüências, apesar de saber que ela morreria, não desisti de ser mãe por isso. Com 35 semanas porém comecei a apresentar polidramia(excesso de líquido amniótico) e hipertensão(pressão arterial alta).Minha médica disse ao meu marido que a criança já estava condenada e se eu persistisse até o fim,correria risco de perder nós duas.Então contra minha vontade, toda família resolveu me internar pra induzir o parto.Foram 4 dias de dor,desespero,fome,sede,solidão e tristeza cada vez que nascia um bebê e saber que minha filha não sairia viva dali.Colocaram remédios no soro,na vagina e comprimidos mas vomitei por causa do jejum prolongado.Perguntei a Deus porque comigo,o que fiz pra acontecer tanta coisa ruim ao mesmo tempo.Vitória nasceu no dia 13/06/2004 as 13:20 hs,com 1.560 kg e 37 cm.Não ouvi seu choro,apenas vi a enfermeira pegando ela.Perguntei se ela já tinha morrido e ela disse que não,mas estava muito cansada e faltava pouco.Após 10 minutos ela morreu,não queria ver,mas a enfermeira insistiu,olhei de lado e a vi,olhos verdes claros,bochechas rosadas,linda...Me virei e fui pro quarto.Meu marido enterrou ela,registrou e tentou me consolar.Mas não derramei uma lágrima,estava em choque.Tive depressão pós-parto,e 2 meses depois engravidei.
Chorei muito e não aceitava a gravidez. Estava cansada e deprimida, nem pré-natal eu queria fazer de medo e pânico. Minha médica me disse que tinha perdido o juízo ao engravidar tão rápido. Pensei em aborto, mas não podia fazer de novo,me sentia culpada pela morte de minha filha.O ultrasson revelou uma menina grande e saudável,mas assim mesmo eu não queria aceitar.Giovanna nasceu prematura com 35 semanas,com 3.270Kg e 47,5 cm.Ficou 13 dias internada e então percebi o qto a amava,era mãe finalmente.Qdo ela saiu do hospital foi o dia mais feliz da minha vida.Hoje ela tem 5 anos,é saudável e muito inteligente.Está na escolinha e um dia perguntou porque os amigos tinha irmãos e ela não,contei que ela tinha sim uma irmã que Deus a levou e a transformou num anjinho.Levo minha vida cuidando dos outros,sou enfermeira e amo a profissão.O tempo passou,mas Vitória sempre esteve em meu coração.Hoje sei que Deus escolhe as pessoas certas pra suportar o que suportamos,compartilho sua dor e sei o qto é difícil perder um filho.Tenha certeza que sua menina tb virou um anjinho e um dia pode reecontra-la.Saudade faz parte e vc é muito guerreira,pois passar sua experiência pra outras mães é muito bonito de sua parte.Saiba que é uma honra participar e contar minha experiência pra ajudar vc nessa causa tão nobre.Obrigada e se precisar,estou aqui,bjos a vc e toda sua família,que Deus abençoe vcs.

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